quarta-feira, 5 de dezembro de 2012

INTROITO

Mosaico
Quadro que componho
Fragmentos poliformes do meu ser
Pinçados entre os enleios do mundo
E a lucidez
Milimétrica do tempo que passa
Tão depressa.

Mosaico
Incompleto até que a vida se complete
E o último pedaço colorido
Ou negro se acomode
Justaposição multicolorida desta busca

Mosaico
Na limítrofe aduana do infinito
Uma forma irregular
Um pedacinho,um mínimo pedaço
Talvez componha o retrato 
Abstrato do meu ser!

segunda-feira, 12 de novembro de 2012

EBM.OSVALDO MACHADO -12/11/2012


Mais uma visita .A última deste ano e como em todas as outras escolas a constatação de que valeu a pena.Novos pequenos amigos.Um bom papo entre professores, alunos e o meu trabalho.Para eles foi escrito.Eles ,os leitores da 5ªs séries ,jovens.

Não mais crianças e um belo trabalho organizado,orientado pela professora Alcelene Lima Pereira com a colaboração da bibliotecária Andreia Crispim,a Supervisora Escolar Bianca Nascimento Souza e Graziela Sarkis da informática.

O resultado desta união foi um livro ainda inédito nos trabalhos escolares dos quais tenho participado.

Os alunos aprenderam a elaborar resenhas críticas e o resultado ficou maravilhoso.
Um trabalho de muito valor e que com certeza não será esquecido por cada participante.

Não é muito fácil fazer resenhas.Mas a professora encarou o desafio e explicou aos seus alunos como e porque se elabora uma resenha.

Despertar o senso crítico, interpretar, analisar,ler nas entrelinhas e opinar.A turma correspondeu à altura.Muito bom perceber o aprendizado acontecendo.

As turmas participaram com muita atenção e mais uma vez saí certa de que valeu muito escrever para os mais jovens! Parabéns a todos os envolvidos neste belo resultado!

E aí vem mais um ano.Que seja um ano de muitas realizações nas escolas!Com muita leitura e produção de textos.



segunda-feira, 29 de outubro de 2012

"AVENTURAS NA ILHA DA MAGIA"


Vencedor do Prêmio Catarinense em 2001, foi o primeiro curta metragem da Belli Studio -feito em 2D tradicional. Com 18 minutos de duração, esta história de ficção se passa na Ilha de Florianópolis.
A animação é baseada no livro de Yedda de Castro Bräscher Goulart



                                        

quinta-feira, 11 de outubro de 2012

COLÉGIO SANTA CATARINA!



Hoje mais um encontro com alunos do Colégio Santa Catarina.Como sempre a gratificante recepção de professoras e alunos daquela instituição educacional, no centro de Florianópolis.
Fala-se muito do desinteresse pela leitura no Brasil.
Não é esta a impressão de quem está em contato direto com as escolas em nosso Estado
.
Posso falar com mais convicção, em Florianópolis, onde professores, bibliotecários, Secretaria Municipal de Educação têm mudado consideravelmente este quadro.

Não recordo quando,com tanta intensidade, se tem dado atenção à leitura e aos escritores regionais. De alguns anos  para cá tenho tido a possibilidade de conferir o trabalho apurado,atento e muitíssimo elaborado de muitas escolas municipais e particulares que buscam valorizar escritores catarinenses apresentando-nos aos leitores de todas as idades desde as séries iniciais até alunos jovens e adultos do CEJA .

Só no mês de agosto até o dia de hoje estive conferindo, a convite de bibliotecários, professores e dirigentes de Centros Culturais os trabalhos desenvolvidos no intuito de formar leitores.

São encenações teatrais, festivais de poesia,  ilustrações,diálogos todos provindos da leitura de vários autores que saem das escolas convictos de que seu trabalho valeu a pena!

Os profissionais do conhecimento são nossos maiores divulgadores e os maiores incentivadores da leitura proporcionando a seus alunos benefícios imensuráveis.

Na simplicidade das salas de aula eles conseguem gravar nas almas jovens lições inesquecíveis de iniciativas como criar poesia,escrever roteiros teatrais,subir ao palco, pesquisar sobre culturas e características de outros cenários,do pensar de personagens e principalmente transitar entre todos estes universos de histórias que embora se proponham como ficção, na verdade escondem nas entrelinhas o conhecimento de nosso eu profundo representado pelas ações dos personagens e suas circunstâncias que nada mais são que as circunstâncias de todos nós.

Como age e reage nesta ou naquela situação o ser ficcional que nos representa grava de forma indelével em nossa lições de vida muitos ensinamentos além da expansão da consciência crítica que observa, analisa e confere respostas a questões existenciais e do contexto que nos rodeia.

Entre as escolas que tenho visitado, pela quarta vez estive neste inicio de outubro no Colégio Santa Catarina, da rede particular de ensino onde foi possível verificar e participar do resultado das leituras de alunos do quintos anos que concretizaram como personagens, a leitura dos livro "Aventuras na Serra" de minha autoria.

A releitura se deu por meio da representação teatral com roteiro organizado pelos próprios alunos.
Daí se pode inferir facilmente quantas possibilidades de leitura e releitura um único livro pode oferecer.


Orientados pelas professoras dos dois períodos ,os leitores destas turmas não só desenvolveram uma leitura solitária,como também socializaram esta leitura,viajaram usando a imaginação para estilos de vida próximos porém distintos de seu dia a dia no litoral, venceram a inibição ,conheceram técnicas básicas de representação teatral, cenário, adequação de traje,  interpretação de texto e organização de
trabalhos em equipes, enfim são inúmeras as possibilidades que a leitura proporciona.


Quanto aos autores tais oportunidades estimulam à continuação de um trabalho inicialmente solitário que se completa na receptividade dos seus leitores.
Da minha parte só posso agradecer pela oportunidade de ver objetivos sendo atingidos!

quarta-feira, 10 de outubro de 2012

REOLHARES DO TEMPO -PROSA E POESIA

Eva de Lourdes C. da Silva

"Escrever é apurar o olhar.Escrever é desnudar-se frente aos leitores". Eva  C.da Silva, natural de Cambará do Sul é hoje lageana por vontade e adoção,com uma vivência nesta cidade catarinense de mais de quarenta anos.
Sua obra reflete uma escritora centrada e sensível, qualidades que transmite aos textos poéticos ou narrativos.
Estes últimos ,relatos importantes de estilos de vida que trouxe de sua terra natal e encontraram eco na serra catarinense de modo que reflete contextos semelhantes  nestes Estados do sul.

São contextos encontrados em "Tropeadas da Vida" comovente relato da história pessoal e que abrange o regionalismo sulino, daí deslocando-se para relatos históricos que marcaram os primórdios do sécilo XXI, como o atentado  de  onze Setembro nos Estados Unidos,a mais poderosa nação do mundo!
Daí para o excelente texto",no gênero ensaio -  "Palavra: Magia e Poder" estimulando ao " exercício coníinuo para um melhor domÍnio linguístico"..

São relatos que alertam comovem,denunciam demonstrando o escritor com visão crítica apurada a serviço da educação e da cultura ".Pinheiro no Asfalto" , como exemplo desta parte do livro confirma esta dedução ao denunciar o "desastre ecológico".

A autora vai dos tempos de memória ao cotidiano atualizado também pela musicalidade poética onde aflora sua sensibilidade:" Mas poetizar é antes de tudo,falar silenciosamente ao coração"
Dá à palavra poético o poder de transformação em" Alquimia da Alma"ao mesmo tempo em que reafirma ser a poesia a expressão da subjetividade expressa já neste título.

Atualizada, não se nega ao exercício do nano e do microconto,embora seu estilo seja claro e conciso não extrapolando os rigores da clareza.

REOLHARES denota em sua tessitura a alma feminina sensível,atenta,generosa que faz de seus sentimentos, pensamentos ,impressões e vivências registros que eternizam contextos e situações de forma lírica, histórica ,científica e artística.

No seu contexto, a obra demonstra de forma contundente sentimentos e valores  compartilhados por aqueles que amam e tentam decifrar o poder das palavras com as quais se busca entender o mundo e a si mesmo!

ENFIM- POEMA E PROSA


Maria Waltair Carvalho 

 Desde o título desta obra é possível sentir o profundo suspiro de um poeta!É um suspiro de alívio, de realização e, principalmente de vitória!

ENFIM, venci a luta: entre mim e as palavras, entre o concreto e o abstrato, entre a forma e conteúdo,entre aspiração e realização.

Como diria Carlos Drummond de Andrade: “Lutar com as palavras/é a luta mais vã/ Entanto lutamos/mal rompe a manhã.”

 “Enfim” obra que vai do anseio de uma alma a conceitos da realidade demonstra no conteúdo diversificado as habilidades da autora para as múltiplas vertentes da Literatura. Na verdade tal diversificação está implícita no subtítulo: Poema e Prosa, por onde transitam os suspiros da solidão, a intensidade amorosa da maternidade, das saudades, das presenças e ausências. 

No poema “Morte” Há uma profunda necessidade de definir o indefinível, e uma abrangente circularidade na busca de expansão do entendimento e reafirmação de esperança sobre os complexos processos de vida e morte. A conclusão é de que a vida continua realizando nossas expectativas de felicidade e evolução!

Em “Poemando o universo Feminino” os poemas denotam o desvendamento de certezas, dúvidas, receios, reafirmações de tendências numa linguagem suave e ao mesmo tempo questionadora e crítica.(Cansei de Ser Metade,Por que a Arrogância?)

Em Prosa revela-se a professora, pesquisadora e a mulher engajada em seu momento histórico, político  e pessoal:"A Literatura e os textos minúsculos"; a inserção dos contos minúsculos,da trova, quase todos uma reflexão sobre a luta da palavra ,da lingua para sobreviver aos aparatos tecnológicos que permitindo a expansão da comunicação,impedem a expansão do pensamento e do alargamento de nossos eus profundos! 
Portanto,”Enfim”,transcende,alerta,emociona e disserta sobre nossa comum humanidade!


domingo, 30 de setembro de 2012

“A Marca dos Pronunciados” de Antonio Paulo Ramos de Athayde


De uns tempos para cá tenho observado com mais atenção o que provoca tantas dissensões entre as pessoas. Além daquelas que há muito todos nós observamos como a inveja, (de posses, de aparências, de sucessos, fanatismos) e por aí afora, as diferenças de visão de mundo, ou da capacidade do equilíbrio ou do bom senso em relação à interpretação de fatos reais ou ficcionais é que provocam rupturas de comunicação e de relacionamentos.
Assim, vale dizer, que as consequências destas rupturas é que provocam desentendimentos que podem ser transformados mesmo em sérios conflitos,guerras,separações e que geram vingança e desequilíbrios morais .
Nos tempos que transcorrem temos presenciado a ruptura ética em todas as suas formas tais como valores, comportamentos políticos, religiosos, direitos e deveres, e por aí afora.
Algumas rupturas foram benéficas e trouxeram avanços no caminho da evolução humana: tais como o respeito a diferenças, a inserção das minorias na participação destes direitos alicerçados em leis que os respaldam, execução de serviços que favoreçam pessoas especiais, cadeirantes, idosos, crianças e jovens, deficiências de qualquer natureza, respeito às diferenças raciais, etc. Crescendo também a proteção ao meio ambiente trabalhada nas escolas e mais compreensão em relação às reivindicações dos movimentos sociais.
São bons indícios de uma evolução consciente e menos irracional, porém ainda insuficientes e desrespeitados pela maioria, mesmo quando colocam a vida humana em jogo como o caso da falta de consciência no trânsito que tem desperdiçado tantas vidas.
Na verdade, este raciocínio foi inspirado no livro “A Marca dos Pronunciados” de Antonio Paulo de Athayde. Além da trama narrativa que passo a resenhar, um comentário de José Carlos Porto na folha de rosto desta publicação frisando que o autor “situou a ação do seu “thriller” na eterna luta entre o racional e o obscuro.”.
Permito-me inicialmente, a usar o termo trama narrativa em substituição a “thriller” que remete à produção cinematográfica, embora se perceba que a obra em questão contém elementos suficientes para transformar-se em cinematografia pela excelência das descrições  construídas pelo autor  como cenários e personagens, bem como as ações ali desenvolvidas.  Tão surreal como o aparecimento do fanatismo religioso em meio a um processo de disputa entre os Estados do Paraná e Santa Catarina entremeado com a sublevação de operários da empresa inglesa que construía a estrada de Ferro no meio oeste do Estado de Santa Catarina. O autor segue uma vertente criando uma história que se encaixa perfeitamente no contexto histórico e na consciência coletiva do processo que passa a ser o núcleo da narrativa transcorrida num lugarejo denominado Fênix.
Antonio Paulo retoma um tema muito discutido na historiografia catarinense e brasileira que foi a chamada Guerra dos Pelados ou Guerra do Contestado ocorrida de 1912 a 1916.
Na verdade, a criatividade do autor desenvolve o tema a partir de dez anos após um episódio tantas vezes relatado, mas com enfoque diferente,sob o prisma de um novo personagem e de uma comunidade esquecida e criada a partir de um personagem adepto de João Maria ,ora citado como santo ou religioso ,ora como um fanático ou louco que tanto confundiu os envolvidos do Contestado.
Em decorrência das pregações do místico João Maria, o personagem  da trama de “ A Marca dos Pronunciados”,uma espécie de  ditador místico fanático, cuja mente e atitudes são baseadas no que chama de escrituras recebidas daquele ser ambíguo que passou para a história como santo ou como louco.
.Como se lê na contracapa da obra este processo torna-se surreal com o aparecimento do fanatismo religioso, que no caso da obra de Antonio Paulo forma a vertente que passa a ser o núcleo da narrativa transcorrida num lugarejo denominado Fênix.
 A criação do autor, passa a ser uma novela interessante, com encadeamento perfeito de ideias e soluções dignas de uma adaptação cinematográfica pela clareza e coerência  de sua explanação, além da importância dos fatos narrados que nos remetem ao desejo de conhecer mais a respeito daquele sangrento episódio desenrolado no território catarinense pela disputa de terras entre Paraná e Santa Catarina
.”A Marca dos Pronunciados” traz todos os elementos narrativos capazes de prender a atenção do leitor, fazendo com este deseje continuar a leitura com interesse e curiosidade em relação à sequência narrativa e seu desfecho final uma vez que está implicitamente ligada aquele episódio histórico.
Surge assim, um novo autor que promete criar obras de ficção de qualidade histórica e literária. A leitura é agradável  pelo bom encadeamento das ideias e muita verossimilhança  com o contexto histórico de então prendendo o interesse a ponto de ser difícil parar a leitura.
Uma obra realmente inaugural e digna de um bom escritor como demonstra ser o autor de “A Marca dos Pronunciados”.
  

segunda-feira, 24 de setembro de 2012

Encontro com alunos da Escola Municipal Brig. Eduardo Gomes

Um livro, um encontro, numa ilha, com uma escritora e muitos leitores curiosos. Esse foi o cenário do 1º encontro entre autor e leitores do Projeto Clube da leitura: a gente catarinense em foco, que aconteceu no dia 22 de agosto, na Escola Básica Brigadeiro Eduardo Gomes.,no Campeche.
O encontro dessa escola, que fica no Campeche, num pedacinho do Sul da Ilha, acolheu com muito carinho a escritora Yedda Goulart, que com a sua obra “Aventuras na Ilha da Magia”, envolveu a Professora Aline numa trama que enlaçou nos caminhos que trilhou, seus jovens alunos, leitores mirins, de duas turmas do 6º ano. 
Nessa tessitura, no intuito de envolvê-los ainda mais com o texto literário, proporcionou aos alunos visitas aos diversos recantos relatados na Obra de Yedda e isso foi uma fantástica viagem ao fundo daquelas palavras.

E assim, imbuídos e mergulhados nas “Aventuras da Ilha da Magia”, o encontro se fez por meio das muitas perguntas que brotaram da curiosidade e da magia que envolve uma obra e seu autor.

Durante o encontro, as crianças tiveram a oportunidade de perguntar, questionar e também narrar as suas experiências literárias. Por meio de 36 perguntas organizadas junto à Profª. Aline, foram levantadas curiosidades sobre a obra como a criação, tema, personagens da obra trabalhada; vida pessoal como filhos, profissão, gostos literários; outras produções e seus projetos futuros.








A obra “Aventuras da Ilha da Magia”, desvelada para a autora por meio de uma apresentação digital, e pelos muitos olhares curiosos, foi sendo gostosamente saboreada por todos e traduzida, num presente único e significativo, que envolveu a todos e se traduziu em um momento de carinho das turmas, através da confecção de pães por deus e um lindo painel de desenhos.
Dentre as questões levantadas, uma foi bastante pertinente: A inspiração e a motivação da autora em escrever esta obra.  Yedda trouxe para as crianças, que a motivação dessa obra e de muitas outras, vem das vivências do cotidiano e que os seus personagens, em especial os da “Aventuras da Ilha da Magia” foram inspirados em seus dois netos mais velhos, e de seu amor a ilha; sua preocupação com essa natureza, tão exuberante que ela nos proporciona.
Um dos momentos mais marcantes desse encontro, foi o momento em que a autora explicou que (parafraseando)  “ o livro somente está pronto, ele somente existe, quando alguém o lê. É um diálogo com você mesmo. Quando você imagina o cenário, o personagem, a história, como aconteceu, mistura-se a sua história pessoal com outras história que você leu. É criada uma nova história”.
E assim, depois de muitas falas, autógrafos e fotografias, o encontro foi encerrado com um gostinho de quero mais.
Agradecemos a dedicação, o acolhimento e a oportunidade de compartilharmos esse momento com as turmas do 6º ano da professora Aline.

Autora deste texto  Monica Wendhausen








sábado, 22 de setembro de 2012

AVENTURAS NA ILHA DA MAGIA -making off



Clique no endereço abaixo e veja o belo trabalho do Belli Studio ganhador do Prêmio Cinemateca Catarinense/Fundação Catarinense de Cultura no ano de 2001.


http://youtu.be/kg5GQpJj4m0





terça-feira, 11 de setembro de 2012

REFLEXÃO


Este texto apresenta o livro :"A FELICIDADE SE CONQUISTA COM A GENTILEZA."



Não há nada novo debaixo do sol (...) Livro do Eclesiastes


O mesmo se pode dizer deste livro, que se pretende, não como novidade mas como mais uma oportunidade de reflexão.Sabemos todos que é da educação e da cultura  que nasce a consciência dos limites pessoais e do respeito ao bem comum.

 Não existe nada de novo nas idéias aqui contidas.Talvez apenas a forma amorosa com que foi escrito e o desejo de ser útil de alguma forma.O livro nasceu de uma grande inquietação diante da permissividade da educação cujos desvios geram a violência social restringindo a liberdade de todos, ceifando vidas e infelicitando as relações familiares,amorosas e coletivas.

È necessário que sejam retomadas algumas normas de convivência que nos aproximem da verdadeira essência do ser humano e possibilitem alívio do

 stress que tomou conta de nossas vidas por falta de que se valorize, perante os jovens , a educação como essencial à felicidade e à conquista da realização pessoal.

A idéia de que ser jovem e ser moderno é transpor conceitos e virtudes considerados do passado tem gerado muita tristeza e desencanto nas relações íntimas e sociais e nasce da permissividade com que pais atarefados enfrentam as avassaladoras influências do mundo.Há confusão entre permissividade, liberdade e relacionamento amoroso entre pais e filhos.

É preciso mostrar aos jovens que ser como todo mundo não é assimilar atitudes negativas, desrespeitosas ou vícios.

Demonstrar que o ser humano nasceu para crescer em todos os sentidos e que os valores essenciais da natureza humana nunca estarão fora de moda ,mas ao contrário devem ser aprimorados.

Embora nada disto seja novidade, a correria da rotina está transformando o homem num ser que apenas é instruído para  desenvolver uma profissão que lhe garanta status financeiro e poder pessoal.

Assim, o jovem se prepara para alcançar uma profissão , mas não para exerce-la com altruísmo e amor.

O individualismo  alimentado pela satisfação de vontades, pelo consumismo desenfreado, ao lado  da produção cultural massiva de baixa qualidade, tais como os “reality shows “ ,os programas que maximizam o crime e a violência ( reportagens,filmes e até o personagens de animação ,etc),a  falta de educação básica, e uma cultura de liberdade sem limites,  estão produzindo a sensação de que a vida  não tem nada além da satisfação de qualquer capricho. Nada tem limites.

Nem o crime! 

Estamos como que adormecidos diante da agitação dos dias,priorizando compromissos que  nunca terminam e nos perdendo de uma visão maior de nossa destinação.Se este livro for útil  e de alguma forma seja capaz de tocar a sensibilidade de alguém, mesmo que de uma só pessoa, sentir-me-ei recompensada.


A autora.

segunda-feira, 10 de setembro de 2012

POESIA

In Mosaico (poesias)Yedda Goulart

Ainda em Poesias que se Cruzam


POESIA                                            


Você me foge

Etérea

Como a vida

Quando abandona o corpo

Ou como a fonte

Cristalina

Foge, despencando das encostas.


Você zomba de mim

Nuvem

Que se evola pelo céu

Você me asfixia

Fumaça

                            Fugitiva do que queima

Você que na janela

Embaça

a visão que é lá de fora

Você que é

Ânsia
Queima, zomba e asfixia.

Você não se aprisiona

É Poesia!

quinta-feira, 6 de setembro de 2012

QUERO POESIA !!!!!!!!

Crystiane Goulart  Ivanoski

Quero poesia...
Para lubrificar meus olhos,
Purificar o ar que respiro...
E cantarolar aos meus ouvidos.
Quero poesia...
Para iluminar as horas de meu dia,
Para limpar todos os meus caminhos,
E dizer-me sempre: Vá, sorria!!!
Quero poesia...
Para acalentar meu pranto,
Enxugar minhas lágrimas
E me inspirar enquanto canto.
Quero poesia...
Para me dar ternura, consolo, umsorriso
Para trazer sossego, paz e harmonia
E me fazer companhia quando nãoestás comigo.
Quero poesia...
Para afagar meu sono
E colorir meus sonhos
Feito nuvens de algodão.
Quero poesia
Para passar meus anos,
Tendo a certeza de ter alguém
Para me apertar a mão.
E mesmo no contentamento, nabrincadeira,
Na simplicidade que quero para avida inteira,
Ainda assim, nos ‘cantinhos’ maisdifíceis de se atingir..
Quero poesia...
Para enriquecer meu corpo, minhaalma e meus dias...
Pois, para sobreviver... Necessitode POESIA!!!!!





terça-feira, 4 de setembro de 2012

FESTIVAL DE POESIA - S.JOÃO BATISTA


PARA VER TODAS AS FOTOS CLIQUE NO ENDEREÇO ABAIXO:
 
FESTIVAL DE POESIA DE SÃO JOÃO BATISTA
DIA 29 DE AGOSTO DE 20
 
ALUNOS SELECIONADOS POR SUAS OBRAS -POEMAS E DRAMATIZAÇÃO  DE TEXTOS
BASEADOS NOS MEUS TRABALHOS.TODOS  AGRACIADOS COM MEDALHAS.

AGRADECENDO PELAS CARINHOSAS PALAVRAS GRAVADAS NA PLACA QUE ME FOI OFERTADA PELA SECRETARIA DE EDUCAÇÃO E CENTRO CULTURAL.


EQUIPE DO CENTRO CULTURAL BATISTENSE -ORGANIZADORES DO FESTIVAL.


 
ESTHER RODRIGUES -DIRETORA CENTRO CULTURAL E REMI GOULART -APOIOS INCONDICIONAIS AO MEU TRABALHO.
ALUNAS DO CORPO DE BALLET DO CENTRO CULTURAL BATISTENSE




SECRETÁRIA DE EDUCAÇÃO MARIA ELIZABETH ZUNINO DE SÃO JOÃO BATISTA  NO MOMENTO DE ENTREGA DA PLACA  TÃO CARINHOSAMENTE GRAVADA.
 

segunda-feira, 3 de setembro de 2012

A Felicidade se conquista com a Gentileza




As estatísticas da posição do Brasil no ranking mundial da Educação e dos Esportes, só para falar de dois temas que nos interessam mais de perto têm sido arrasadoras.
A tristeza e desencanto nos fazem pensar como é possível que um país tão bem dotado em sua grandeza natural,em seu número de habitantes,em seu vasto território possa ser tão inoperante nestas áreas ,incluíndo-se a Cultura,Saúde,Segurança para ocupar a 88ª posição na educação,sendo o 6º em Economia, comparado a países bem mais pobres e aos demais países da América Latina.

É de doer até fisicamente tal constatação.

A falta de limites e de leis sensatas e objetivas,para serem cumpridas, gerou uma população que não reconhece valores e nem respeita desde as mais simples hierarquias até os símbolos nacionais.Que não reverencia a pátria,a família, nem busca o conhecimento ou a espiritualidade.A essência do ser humano.

Muitos poderão contestar apontando aqui e ali núcleos bem sucedidos.
Existem,claro.E são muitos, como muitos são os cidadãos honestos e respeitadores e profícuos no seus misteres.

Falamos de modo geral ,falamos do aumento assustador da violência,do desrespeito às leis de trânsito,do direito de ir e vir,dos serviços prestados(ou não) aos contribuintes.
Falamos da falta de educação básica cujos efeitos se fazem sentir nas escolas, minando a vontade de estudar dos que sabem da importância de adquirir conhecimento, e do desânimo dos professores que precisam trabalhar com jovens completamente alienados dos seus deveres e que se julgam donos de todos os direitos.

O que nos falta? De que somos feitos que não conseguimos crescer em cultura,conhecimento,educação?

Todos sofrem a falta da medalha de ouro do futebol quando perdemos todas as medalhas na Educação Cultura, Saúde, Estradas...

Quando nossa cidades se transformaram em caminhos obstruídos para nossos ir e vir.
E por falar nelas por que se morre tanto nas estradas brasileiras?
As estatísticas demonstram mais mortes que em guerras tão noticiadas.

As pessoas morrem na porta dos hospitais.Os médicos não dão conta de atender um sistema afogado em números.Os professores não conseguem realizar seu trabalho como o idealizado.

Não há respeito,atenção,gentileza.
Temos assistido ao sucesso de escolas militares comprovando que só a educação, disciplina,respeito dos menos experientes à experiência dos adultos, bem intencionados e competentes, é capaz de nos tirar deste lamaçal de péssima educação básica que gera o cinismo e as ironias daqueles que buscam aparecer entre os demais pela conduta negativa e a prepotência ignorante; que se imaginam fora de qualquer obrigação, como se fossem seres especiais aos quais todos se devem curvar.

Como acabar com o desrespeito à vida?

Já tivemos escolas que prezavam a disciplina das filas para entrar nas salas de aula, que promoviam momentos de tributo aos símbolos nacionais,defiles em homenagem ao sete de setembro,respeito aos pais e professores.

Não sei em que tempo,ou quem passou a confundir disciplina,respeito com falta de liberdade ou repressão psicológica.Infeliz orientação que faz da hierarquia natural da experiência e do saber uma coisa do passado.

Não sei quem interpretou o Estatuto da Criança e do Adolescente como uma arma contra pais e professores e que por isto confundiu que ter Direitos significa não ter Deveres.

Sabemos que não há males que durem para sempre.Esperemos que a luz do conhecimento possa trazer-nos Sabedoria e Amor por este país que tem tudo para sobressair no panorama mundial desde que seu povo seja dotado de no mínimo boa vontade e educação básica,se não pudermos atingir o melhor!

Um povo só consegue progredir e viver em paz revendo comportamentos,porque só se colhe o que se planta.
Nada mais certo do que as leis de  causa e consequência.
É preciso perder a arrogância achando que tudo no passado estava errado e aprender que só com respeito,gentileza e disciplina podemos sonhar com um país para todos,onde todos possam evoluir pela ordem atingindo o progresso e a liberdade!






CLARICE LISPECTOR

Clarice Lispector nasceu em Tchetchelnik,Ucrânia,URSS a 10 de Dezembro de 1925.Com dois meses veio para o Brasil.EStudante ainda escreve seu 1ºromance "Perto do Coração Selvagem",publicado em 1944.Morre em 1977.Clarice é a principal escritora de uma tendência intimista.Sua obra segue as vias do intimismo,os complexos caminhos da alma humana resultando no romance introspectivo.
"Há três coisas para as quais nasci e para as quais eu dou a minha vida.Nasci para amar os outros,nasci para escrever, e nasci para criar meus filhos.
Amar os outros é a única salvação individual que conheço:ninguém estará perdido se der amor e às ezes receber amor em troca."
Clarice preocupa-se com a revalorização das palavras,explora os limites do significado,trabalhando com metáforas e aliterações.Preocupa-se com o que está nas entrelinhas.
Na verdade o bom leitor é aquele capaz de aprofundar-se no leito da palavras:nas entrelinhas,naquilo que o autor revela se dua visão de mundo e até de si mesmo,seu drama pessoal.
"Mas já que se há de escrever,que ao menos não se esmaguem com palavras as entrelinhas.
 O melhor ainda não foi escrito.O melhor está nas entrelinhas."
Essa literatura introspectiva,intimista,vem se colocar como uma tendência na prosa moderna do Brasi , afastando-se mais do social,do retrato da sociedade em crise,para a crise do próprio indivíduo,sua consciência e sua inconsciência.
In :Literatura Brasileira -das origens aos nossos dias.
José De Nicola

domingo, 2 de setembro de 2012

SÃO JOÃO BATISTA -Um espaço para a poesia!


 Junho de 2012 - Encontro com as EScolas no CEntro Cultural Batistense.Alunas do Teatro e da EScola de Dança de São João BAtista.
Dia 29 de agosto.Dia Feliz quando mais uma vez me foi dada a oportunidade de rever jovens amigos desta progressista cidade.Capital da Indústria de Calçados!

Um trabalho maravilhoso em prol da Cultura e da Arte é desenvolvido pela Secretaria da Educação e concretizado pela equipe do Centro Cultural Batistense.

Foi gratificante assistir ao encerramento do "Festival de Poesia"que já se tornou parte integrante do calendário cultural daquela cidade,pois esta foi a VIII edição.

Para mim ,inesquecível pois fui agraciada com a oportunidade de participação.
Poder admirar o talento dos jovens poetas selecionados que criaram poemas sobre meus livros e os apresentaram no palco foi emocionante e inesquecível!

Ver contos interpretados de forma tão artística e expressiva faz comn que a gente se motive para continuar um trabalho solitário e que raramente é  compartilhado!

Parabéns aos jovens de São João Batista!Parabéns a todas as escolas,Diretores e professores que todos os anos colaboram com a divulgação dos autores catarinenses !
Da  minha parte ,jamais este dia , aqueles momentos e aquelas pessoas serão esquecidos!

quinta-feira, 23 de agosto de 2012

TARDE ENTRE AMIGOS



Era uma vez,uma escola que abrigava muita alegria e muita luz, muita movimentação de jovens que lá passavam grande parte de seu dia.
Eram alunos das 6ªs séries que receberam as visitas no seu salão nobre decorado com  belos desenhos  inspirados na leitura de um livro que falava sobre as belezas do lugar ,que é a casa comum de todos.
Muitos descobriram ali seu talento para registrar a convivência com o amigo livro que lhes proporcionara viajar na realidade e na fantasia conduzido por personagens reais e do mundo fantástico.
As visitas se alegraram desde a entrada onde  foram recepcionados pela amiga maior da turma: a Professora.Ela é jovem,linda e muito dedicada a seus alunos, é a fada que lhes proporciona  viagens fantásticas a cada livro lido.
Durante muitos dias dedicou-se a professora, além dos trabalhos normais do dia a dia, a ler e conversar sobre o livro que se transformou numa espécie de condução para o mundo maravilhoso de uma ilha encantada.
Para todos os recantos daquele paraíso ali descrito partiram todos juntos.Na verdade, foi um passeio inesquecível.
Inesquecível, porque gravado na lembrança de uma leitura e na apresentação de fotos organizadas pelos alunos que resolveram trazer para sempre gravadas imagens tão maravilhosas de um passeio onde desfrutaram da presença dos colegas de jornada.

Como não podia deixar de ser aquelas imagens ali gravadas,  demonstrando a realidade da ilha em que viviam ,  comprovaram as cenas descritas no livro que a todos levou a passear.
Lindas fotos.Muita sensibilidade daqueles que criaram na apresentação ,uma obra de arte.
Os personagens do livro eram como eles.Amantes de novidades,  amantes do belo e de fazer amigos.Alguns vieram de muito longe,viajaram por muitos mares e voaram sobre muitas flores.De alma aberta ao novo, corajosos, transformaram-se, para buscar novos conhecimentos e muitas novidades. Havia uma fada parecida com a professora e que ensinava muitas coisas novas.
Conversaram muito as visitas e os jovens amigos.Trocaram idéias,riram juntos.Conheceram-se melhor!Com certeza ali nasceu a arte da amizade.Tudo por causa de uma leitura!

Até que a tarde acabou.Flores, belos lírios cor da alegria e lindas  poesias chamadas Pão por Deus,foram ofertadas e serão o registro de uma tarde que deixou saudades!

quarta-feira, 1 de agosto de 2012

CECILIA MEIRELES

"A vida só é possível reinventada" o poema Reinvenção demonstra  sua temática em torno da melancolia,da incompreensão e do desencanto.
Nasceu a 7 de novembro de 1901 no Rio de Janeiro.Talvez seu inicio na literatura na chamada "corrente espiritualista" sob influência dos poetas que formariam o grupo da revista Festa, com inspiração neo-simbolista, se deva ao fato de haver se tornado orfã de pai e mãe aos três anos de idade.
Foi professora universitária e sua obra carregada de uma fluidez literária oscila em suas características como pertencente também ao Modernismo.
Um dos aspectos fundamentais da poética de Cecília Meireles é a consciência da transitoriedade das coisas.
Assim, o tempo é o grande personagem - ele passa,é fugidio.inconstante!

 MOTIVO   

 Eu canto porque o instante existe
  e a minha vida está completa.
  Não sou alegre nem sou triste:
  sou poeta.

Irmão das coisas fugidias,
Não sinto gozo nem tormento.
Atravesso noites e dias
no vento.

Se desmorono ou se edifico,
se permaneço ou me desfaço,
- não sei,não sei.Não sei se fico
ou passo.

Sei que canto.E a canção é tudo.
Tem sangue eterno e asa ritmada.
E um dia sei que estarei mudo:
- mais nada.

In:Flor de Poemas.6ed.Rio de Janeiro,Nova Fronteira,1984.

sexta-feira, 27 de julho de 2012

A VIAGEM

            Foi pura adrenalina como se diz hoje, viajar de trem pela primeira vez!
Pra mim, trem era uma coisa qualquer que se perdia pela casa, ou na qual se esbarrava por não ter sido devidamente guardada. Os “trem” de cama que precisavam ser trocados, os “trem” que ficaram esquecidos no quintal. Lembro ainda da mãe perguntando à Lalinha: - onde você colocou os “trem” do tio Zé, criatura?”.
Foi, portanto, com o maior espanto que recebi a notícia de que iriamos viajar numa daquelas coisas que se chamava, em casa, de trem.
Pra mim, trem era tudo aquilo cujo nome fugia da memória da gente.
 Eu já vira uma figura de trem, mas os “trem” lá de casa eram mais concretos. Tudo era “trem”. Trem pra lá, trem pra cá. E geralmente, aqueles ”trens” viviam perdidos como que se escondendo das faxinas da Lalinha que se encarregava de ajudar a mãe.
Mas, não me importava em que trem sairia montada pra viajar pelo mundo afora. O importante é que ia viajar- palavra mágica esta – viajar, viagem!
Chegado o dia marcado para a aventura a ansiedade não me deixou dormir. Afinal estava avisada de que sairíamos ainda com a lua no céu gelado da serra pra pegar o trem lá pras bandas de serra abaixo. Até lá, eu caraminholava, com certeza iríamos montados num “trem” qualquer.
Visualizava-me, bem como ao pai e à mãe, voando naquela mala velha lá do sótão que estava sempre sendo chutada por alguém que prometia dar fim àquele “trem”. Será?
Ou quem sabe, empoleirados em cima de um tapete igual aquele tapete mágico do Alladin?
 Enfim, é chegada a hora de partir. A madrugada tornava tudo ainda mais misterioso. A cidade deserta. Na rua, nem cachorro aparecia pra enfrentar a geada caindo. Como me diziam, caindo lá de cima do pólo norte, onde morava o Papai –Noel.
 Metidos em mil agasalhos enfrentamos a geada que se condensava no para-brisa do carro de aluguel que o pai contratara para levar-nos serra abaixo.
Serra abaixo! Então iríamos rolando, rolando até cair dentro de outro “trem”.?
O carro velho do seu Mário não parecia nada com o que minhas fantasias criaram. Era apenas um carro. E uma vez dentro dele, sem maiores novidades, dormi o sono dos anjos travessos, no regaço da minha mãe. O que não me impediu de sonhar que era uma linda bola colorida rolando serra abaixo até entrar numa coisa que nem em sonhos eu saberia definir.
Havíamos chegado á cidade onde a gente ia ficar hospedado num hotel.
Puxa, que viagem!
Eu nunca havia estado num hotel. Quando as aulas retornassem iria ter o que contar...
Instalados afinal, descemos para o jantar. Tudo muito legal. Algumas pessoas desconhecidas. Nenhuma criança. Que pena! Teria que fazer minhas explorações sozinha.
Na sala de estar havia uma cadeira de balanço e foi nela que encontrei uma forma de brincar. Percebi que a cadeira se movia pela sala se a balançasse com força. Que brincadeira genial. Passear de cadeira pelo salão do hotel!
 E foi assim que me distanciei um pouco da mãe e do pai que olhavam algumas revistas espalhadas por ali. Aquilo sim era um “trem”  de cadeira legal.Tinha os pés em arco o que a fazia deslizar pela sala .
Foi então que, de repente a luz apagou. Na escuridão total um grito vindo do andar de cima me fez  ficar arrepiada..
 As sombras desenhadas nas paredes tornaram tudo muito mais assustador.  Abandonei a brincadeira e a coragem. Tateando, buscava mãe e pai. Distraira-me passeando de cadeira. E agora, onde estariam?
Imaginação turbinada pelo medo me via perdida e sozinha num abismo sem fim.
Afinal, encontrei a mão cuidadosa da mãe e agarrei-me nela como um náufrago na tábua de salvação! A coragem confundiu-se com a escuridão.
Logo apareceram os donos do hotel com velas acesas e distribuíram algumas entre os hóspedes. Naquela época não havia lâmpadas de emergência numa cidadezinha feito aquela.
Do andar de cima novamente o grito congelou os movimentos de todos. Estariam matando alguém? Um fantasma teria aparecido?
Estórias escabrosas contadas ao pé do fogo arderam na minha memória acelerando-me o coração. O que estaria acontecendo?
Logo passos despencaram dos degraus e gritos de pega ladrão atingiram ouvidos mais alertas que o normal.
 Agarrada às saias da minha mãe senti as orelhas crescerem como as dos elefantes do livro que a professora mandara ler naquela semana. Que vontade de estar em casa, debaixo dos cobertores onde ninguém conseguiria me encontrar.
 Viajar não era tão fácil como pensara.
 Então da mesma forma como fugira, a luz voltou! Danada de luz travessa. Garanto que sabia o que ia acontecer, pensei!
Agora, passado o susto ela voltava toda amarela. Podia ficar lá na rua, agora a gente já vai dormir mesmo!
Fui acordada por um apito longo e muito alto que me deixou meio atordoada E a mãe sacudindo meu braço parecia muito excitada com a grande aventura que estava prestes a se iniciar.
Havia uma neblina úmida e muito fria na estação. Meus olhos cresceram de curiosidade. Afinal, a visão do trem. Lá estava ele.
 O trem de verdade! Era imenso e vermelho. Puxado por uma locomotiva a carvão. Respirava tenso soltando fumaça como a Lalinha quando saía de manhã pra comprar o pão nas manhãs geladas da serra...
Esfregando os olhos o espanto escapuliu e foi parar naquela coisa tão esperada. Então aquilo é que era o trem!
Entendi porque a mãe chamava a tudo de “trem” principalmente quando eu deixava brinquedos espalhados pela casa.
- “Delia! Vai guardar estes teus “trem” antes que derrubem a gente!
Era lindo! Igual ao desenho do livro que ganhara da tia Carola no aniversário. Até a fumaça que saía lá da frente, como se alguém estivesse fazendo o fogo pela manhã.
Aquilo devia estar sempre no caminho de alguém. Grande daquele jeito! Uma coisa sem fim!
Agarrada à mão do pai subi o primeiro degrau daquela coisa que respirava impaciente para sair.. Parecia um cavalo bufando de pressa.
Eu me sentia como se estivesse embarcando para a lua, como os personagens de Monteiro Lobato na “Viagem ao Céu”!
Um novo e excitante apito !Muita gente se abraçando e correndo para a viagem!
Dentro do trem, estudando o ambiente meus olhos corriam numa observação acelerada. É preciso estar atento pra ver como as coisas vão acontecer. Olhava tudo e todos com uma concentração total, para crer que não estava sonhando novamente.
 Na verdade, fazendo planos pra depois do susto de estar, afinal, dentro de um trem!

De repente, um apito mais longo e como que gemendo, aquela coisa vermelha foi saindo do lugar com muita má vontade até que conformada iniciou uma marcha ritmada.

Acertadas as coisas, todos em seus lugares, inclusive o trem que ia sempre em frente cantando. Já era possível arriscar um passo fora do banco em direção ao corredor.

Agora sim, que fantástica viagem se poderia fazer!Ali se podia viajar caminhando e até correndo se quisesse.

Lá fora, a paisagem disputava corrida com a gente Mas, não tinha jeito. Ia ficando pra trás com tudo que estava dentro dela – casas, cachorros, árvores, pessoas, animais. Tudo passava, ia ficando longe. E eu dentro do trem, corria pra lá e pra cá porque não queria perder nada daquela fantástica viagem.

Minha primeira viagem! Minha primeira noite num hotel. E o trem, aquela coisa que corria sempre em frente, respirando cansado, bufando como o cavalo do tio Zé, deixando tudo pra trás.

 Comecei a aprender que viver e viajar era muito parecido. Ir sempre em frente e ver as coisas ficando pra trás!Até o espanto das coisas inesperadas.

Jamais esqueci minha primeira viagem de trem!     


Yedda Goulart