domingo, 6 de novembro de 2011

A EMOÇÃO DA INGENUIDADE

Literatura Infantil e Juvenil – atraindo escritores.

Escrever Literatura Infantil e juvenil não é escrever infantilmente. Pelo contrário , como disse o escritor e cartunista Ziraldo, um dos autores de maior sucesso na área , em recente entrevista, escrever para crianças requer um esforço dilacerante ,uma vez que é necessário reencontrar em si mesmo a criança com sua fé,  sua confiança e um ingênua capacidade de ver o lado lúdico de todas as coisas.

A ingenuidade não é alienação, ignorância mas abrange a capacidade de crer e confiar.Este é o maior desafio do escritor para a infância.Produzir um texto que agrade a alma liberta ainda do ceticismo e da malícia ,  sem menosprezar a capacidade intelectual de que os bem jovens são muito bem dotados.

Literatura é leitura para todos. E a literatura clássica infantil que marcou nossa sensibilidade não foi escrita de forma restritiva para as crianças, mas visava motivar o leitor adulto fazendo-o perceber o que há de profundo nas coisas aparentemente simples.

Os escritores que se aventuram nesta viagem em busca do que possa agradar a imaginação infantil e principalmente interessá –la sem reduzi-la ao que Fanny Abramovich chama de “bobices”, desafiam sua capacidade de buscar o lúdico em si mesmos , deixando de lado os temas que retratam uma humanidade mergulhada no caos político-social e psicológico , representados pela exarcebação do consumo,pelo desperdício dos recursos naturais ,pela competitividade no mercado de trabalho,pela presença da máquina que  transborda do espaço industrial e atinge os brinquedos , os jogos , os relacionamentos com o agravante da violência concretizada nas figuras armadas e angulosas dos robôs e personagens deformados nas características humanas.

É necessário, principalmente , que este autor acredite também num outro espaço que transcende a urgência de solucionar problemas e que saiba que a complexidade da alma humana está em negar a importância da simplicidade.

Vale ressaltar , que é possível perceber um movimento pelo qual as pessoas buscam sua paz interior , a serenidade e o respeito na contemplação da natureza, que ensina  a necessidade de tempo para o amadurecimento de suas  criações e realizações.

Estamos em busca do tempo interior, do espaço dilatado dos horizontes.

Pela observação da natureza do jogo infantil , somos capazes de perceber que ele envolve, concentra, resgata em nós a consciência de nossa dualidade.
Dualidade não admitida porque pré-conceituada como inútil,ultrapassada.

O escritor de Literatura infantil e Juvenil precisa reencontrar-se com sua alma , com sua alegria, com sua capacidade de crer.
Afinal , é na Bíblia que encontramos dentre os ensinamentos de Cristo a assertiva de que é preciso ser criança para entrar no Reino dos Céus. 

Pouco a pouco, vamos adentrando no mundo da Literatura Infantil ,que exige um despojamento das tramas consideradas plenas desta pós –modernidade ,que só se interessa pelo anti-heroísmo  , pelo deboche,pelo personagem atrevido, pelo crime ou pelo vício, pelo ruído musical e que não vive sem a confusão entre amor e sexo.

O autor de Literatura Infantil precisa encontrar os caminhos do sentimento, dos valores , das aventuras misteriosas e mágicas ,despido dos preconceitos de uma falsa moral, mas lúdicos e plenos de interesse e vibração para os mais jovens.Promover a alquimia do  negativismo de heróis robotizados para o herói humanizado e por isto mesmo vencedor , extraordinário e íntegro.
Tarefa árdua para os dias de hoje , porém desafiadora e gratificante!

 Yedda Goulart



Nenhum comentário: