terça-feira, 27 de outubro de 2015

PRIMAVERA

Yedda Goulart

Onde estás primavera?
Que é feito das tuas flores e dos teus cenários de luz?
quando retornas ao convívio
dos que  tão ansiosamente te aguardam?
foram contigo nossos sonhos,e as ilusões prometidas
de que voltarias sempre e sempre,indefinidamente?
Tu, que pensei eternamente fiel e amorosa que,
 carinhosamente afagavas nosso corpo e nossa alma?
O que houve,primavera?
Eram tuas nossas esperanças?
eram teus os amados que partiram?
as cidades mansas ,as canções que embalavam
nossos corações?
Os tímidos amores à distância?
a gentil presença das pessoas?
E nossa juventude ,onde a escondeste?
Volta primavera,leva esta chuva que não cessa
conforta a natureza sofrida, afogada em tuas águas!
Retorna e traz de volta a luz de nossas vidas
que no teu seio escondes,primavera!





sexta-feira, 21 de agosto de 2015

Mar portuguez

Fernando Pessoa  ( ortografia original)

Ó Mar Salgado,quanto do teu sal
São lágrimas de Portugal !
`Por te cruzarmos, quantas mães choraram
Quantos filhos teus em vão resaram!
Quantas noivas ficaram por casar
Para que fosses nosso ,ó mar !

Valeu a pena? Tudo vale a pena
Se a alma não é pequena.
Quem quere  passar além do Bojador
Tem que passar além da dor.
Deus ao mar o perigo e o abysmo deu,
Mas nele é que espelhou o céu.


Rio Vermelho

Yedda Goulart

Este rio silencioso
E rubro
Corredeira inconformada
em seus limites...

Desejando a queda das cachoeiras
Invejando a liberdade de águas claras
Despencando da ponta
dos meus dedos...

Rio caudaloso e rubro
Acelerado na corrente
Do teu beijo
Descansado na planície
Do meu leito...



segunda-feira, 3 de agosto de 2015

Vinicius de Moraes


Vinicius da Cruz de Mello nasceu no Rio de Janeiro em 19 de outubro de 1913.Como Cecilia Meireles o inicio de sua carreira está ligada ao Neo-Simbolismo da corrente espiritualista e á renovação católica  da década de 30.
Seus poemas,e letras de música revelam um senso do contradiório, das coisas passageiras, da sensibilidade das mudanças repentinas:

" Avida é a arte do encontro,
   embora
haja tanto desencontro na vida".

Samba da benção

"É melhor ser alegre que ser triste
A alegria é a melhor coisa que existe
É assim como luz no coração"


Poeta da simplicidade,e da musicalidade das palavras com as quais externava sentimentos e alcançava a emoção desejada revelando emoções da alma humana sem rebuscados versos.
Daí sua popularidade .Poesia criando ritmos e imagens compreensíveis e tocantes.





Embriaguem-se (Baudelaire)


"É preciso estar sempre embriagado.Aí está: eis a única questão.Para não sentirem o fardo horrível do Tempo que verga e inclina para a terra, é preciso que se embriaguem sem descanso.

Com quê? Com vinho,poesia ou virtude, a escolher.Mas embriaguem-se.
E se, porventura, nos degraus de um palácio, sobre a relva verde de um fosso, na solidão morna de um quarto, a embriaguez diminuir ou desaparecer quando você acordar, pergunte ao vento,à vaga, à estrela, ao pássaro, ao relógio, a tudo que que flui, a tudo que geme, a tudo que gira, a tudo que canta, a tudo que fala, pergunte que horas são; o vento , a vaga, a estrela ,o pássaro, o relógio responderão: É hora de embriagar-se! Para não serem os escravos martirizados do Tempo, embriaguem-se;embriaguem-se sem descanso.
Com vinho, poesia ou virtude, a escolher."

Baudelaire - poeta francês do período realista era de temperamento inquieto, complexo, com uma sensibilidade exacerbada.Charles Baudelaire ( 1821 -1867) sentiu-se atraído, como os parnasianos ,pelo valor plástico da palavras, das imagens;porém sua arte é muito mais refinada,mais emotiva,mais sugestiva.Com doentia predileção cantou em Flores do Mal, livro de poemas os prazeres mórbidos, a atração do vício, suas angústias e amarguras, com sinceridade jamais observadas.Influenciou consideravelmente a poesia francesa. (W.M.JACKSON )

Diminuta resenha - O negativismo de sua principal e grande obra Flores do Mal ,revela esta extrema sensibilidade que extrapola de sua visão a respeito da situação humana de impermanência e de fraqueza frente às tentações.

quarta-feira, 27 de maio de 2015

OUTONO

Este não é o outono dos meus sonhos!
Aquele, de folhas douradas forrando caminhos...
Ninhos dourados brincando na brisa, sob meus pés
convites ao rodopio das  suaves lembranças ...
das brincadeiras,cantigas de roda
,ensaios de sortes e preces pra São João...
Não,este  não é o outono esperado,
 de cenho cerrado,sempre chorando
 desanimado janelas fechadas,sem  canto de sabiás...
Onde o sol se escondeu ?
Onde o encanto das folhas caindo
nas ruas da minha cidade,crianças correndo
ilusões de um mundo ideal ,um país varonil
onde o outono dourado do nosso Brasil?

segunda-feira, 27 de abril de 2015

UNFAIR

Aprendi ou reavivei a palavra" unfair " e ela ficou soando em meus ouvidos.Por que de repente tudo ficou assim tão complicado? Unfair ou injusta é a vida.! Por que apesar de tudo mantem-se a ilusão do justo,do certo,da quase perfeição?
Seria esperança de sua existência? Ou ilusão, para não admitir sua cruel inexistência? Justiça ,hoje não é a melhor palavra.Se tivéssemos um país mais desenvolvido ela estaria implícita na atenção, no respeito, na solidariedade,no dever e na honra!
Sobretudo no AMOR com todas as letras! No amor que redime.que constrói, que não desiste , que ensina, limita, compreende, perdoa, respeita,! Mas acima de tudo não promove , nem cultiva a injustiça! Amor e respeito à pátria!
Tudo ficou tão permissível que os limites se perderam em todos os sentidos!
UNFAIR é perceber o retrocesso,o abandono,a percepção de que a caminhada para os objetivos mais altos de uma nação se tornaram tão distantes!
É perceber nossos país perder a maratona do desenvolvimento, da classificação entre os mais civilizados do mundo, dos mais evoluídos e sérios.
Ficamos tanto tempo orgulhando-nos da natureza , de uma pretensa alegria, do futebol e do samba que nos esquecemos de observar se os alicerces estavam firmes.
Construímos uma moral duvidosa, sem educação,saúde, economia forte, politica séria,cidades planejadas a longo prazo!
Nossas escolhas e nossa liberalidade semearam a impunidade em todos os setores.Tudo tornou-se admissível, compreensível, perdoável!
UNFAIR ou injustiça da vida é a ignorância , acomodação, o egoísmo ou egocentrismo e agora todos pagando dividas morais,econômicas,sociais que se arrastaram graças à permanência na aceitação e na crença de que a culpa e a injustiça são fatalidades da vida !!
E que a Democracia tão mal definida e compreendida está em confiar no despreparo para toda e qualquer função !
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segunda-feira, 20 de abril de 2015

CAROLINA



Ela chegou e minha vida iluminou
 como o luar ilumina a pele do mar
como o sol ilumina o dia
como o dia ilumina a noite ...

Ela chegou toda juventude
e a casa se contorceu de alegria
e meu coração liberou toda dor
e alongou-se no meu peito
e eu me tornei só felicidade!

Felicidade com cabelos negros
olhos de menina
sorriso aberto
lágrimas de emoção!

Quem é você que me extasia
Simplesmente por estar aqui
Simplesmente porque existe
Simplesmente
Como um presente que a saudade
espanta e a dor da tua ausência
Leva .....quem é você
de onde vem,pra onde vai
Fragmento de felicidade
Se  estar aqui dura tão pouco!

sexta-feira, 10 de abril de 2015

O FIlho

Yedda Goulart

Um dia,um tempo
Um momento
Um leve rufar
De asas
Um sussurro,uma
Aceitação
E você.
Não faz tanto tempo
E tanta coisa mudou...

Em silêncio lhe acompanho
Os passos, agora certos,
Agora firmes, agora
Ausentes de mim.
No silêncio
Na imensidão abismal
No Universo
Minha voz de prece
Restabelece
Ante o Criador e a criatura
A intima parceria - a
Alegria
DA sua criação!

Enfim -Resenha Yedda Goulart


ENFIM! POEMA E PROSA

Maria Waltair Carvalho

 Desde o título desta obra é possível sentir o profundo suspiro de um poeta!É um suspiro de alívio, de realização e, principalmente de vitória!

ENFIM, venci a luta: entre mim e as palavras, entre o concreto e o abstrato, entre a forma e conteúdo, entre aspiração e realização.

Como diria Carlos Drummond de Andrade: “Lutar com as palavras/é a luta mais vã/Entanto lutamos/mal rompe a manhã.”

 “Enfim” obra que vai do anseio de uma alma a conceitos da realidade demonstra no conteúdo diversificado as habilidades da autora para as múltiplas vertentes da Literatura. Na verdade tal diversificação está implícita no subtítulo: Poema e Prosa, por onde transitam os suspiros da solidão, a intensidade amorosa da maternidade, das saudades, das presenças e ausências.

No poema “Morte” Há uma profunda necessidade de definir o indefinível, e uma abrangente circularidade numa busca de expansão para entendimento e reafirmação de esperança sobre os complexos processos de vida e morte. A conclusão é de que a vida continua realizando nossas expectativas de felicidade e evolução!

Em “Poemando o universo Feminino” os poemas denotam o desvendamento de certezas, dúvidas, receios, reafirmações de tendências numa linguagem suave e ao mesmo tempo questionadora e crítica.(Cansei de Ser Metade,Por que a Arrogância?)

Em Prosa revela-se a professora, pesquisadora e a mulher engajada em seu momento histórico, político  e pessoal.

Portanto,”Enfim” ,transcende,alerta,emociona e disserta sobre nossa comum humanidade!


!

terça-feira, 24 de fevereiro de 2015

Casa da Minha Infância

Na casa da minha infância
Passeavam  vento e  lembranças
Sonhos eram vividos
Brinquedos muito sonhados

Na casa da minha infância
sons os mais variados
somente eu os ouvia
 anunciavam missa aos domingos
cantavam festa e folias...

Na quaresma choravam
a sorte do Salvador!
dobravam ao ver que a morte
passeando pela cidade
mais um vivente levou...

Na casa da minha infância
O tempo  apressado roubou
Pedacinhos também de mim ...

Roubou a casa também
Só não levou minha rua
Por que ela não é mais a rua
Da casa da minha infância!