domingo, 30 de junho de 2013

ENTREVISÃO


Yedda Goulart 


Ontem vi você sofrendo
a porta esteve entreaberta
por instantes – entrecruzamos
porta semicerrada
por fora róseo –risonho
ontem  apenas entrefechada
deixava escapar soluços
suspiros semiguardados


Ontem vi você chorando
o olhar escapescapando
e seu orgulho ternurizando


Ontem vi você crescendo
Entrevi um mundo lindo
Vi tanta coisa bonita
Um grande lago subindo
em cascata se tornando
e um sorriso tão largo
nascendo das suas lágrimas

Vi outro dia nascendo !

quinta-feira, 20 de junho de 2013

Os Estatutos do Homem- Thiago de Mello




Thiago de Mello é amazonense,nascido em 1926.Poeta e tradutor.Sua crença de que é possível uma sociedade humana e solidária gerou a obra "Os Estatutos do Homem",traduzidos em mais de 30 idiomas.

Artigo 7


Por decreto irrevogável

fica estabelecido o reinado permanente
da justiça e da claridade,
e a alegria será uma bandeira generosa
para sempre desfraldada
na alma do povo.


"

quarta-feira, 12 de junho de 2013

EU E VOCÊ



EU E VOCÊ


Yedda Goulart


Nas horas caladas da noite
quando o mundo volta ao silêncio milenar
e às estrelas, não importa  o ano que
passou...

Nas horas caladas da noite
quando a lua se acende tão branca
e se revê há milênios nas águas do mar...

Nas horas caladas da noite
quando me visto de mim
e você recupera o seu eu

Rolamos no espaço infinito
dos meteoros
despencando em vertigem dos céus...

Rolamos sem tempo e sem fim
no reencontro do ser primordial
num abraço de terra e de cosmos

Somos tudo neste exílio total!

domingo, 2 de junho de 2013

O PINHEIRO



        Yedda Goulart
 

Lá está...
Ereto, alto, esguio
Plantado no chão da minha terra...
Imóvel sentinela,
Ergue em taça as palmas
Prece permanente...
Balança os galhos e canta
Mansamente...
Ao beijo da brisa nas noites de luar...
Intrépido cálice retorce os galhos
Ante raios coruscantes
O branco das nevadas, o vento uivante...
Geme a palma enregelada...
Grita, chora, canta, guarda
Esta terra que te viu nascer!
Espalha pela gralha o sêmen
De tua raça vegetal altiva e bela
Ameaçada de sumir da terra
No fio da serra incandescente
Da ambição não saciada,
Na queda mil vezes mil multiplicada
Do teu ser!