sexta-feira, 13 de dezembro de 2013

REFLEXÃO DE NATAL


A noite desce calma. Luzes cintilam para onde quer que se olhe. Os homens enfeitam ruas praças e cidades. Abraços, apertos de mão, votos de felicidades, saúde e prosperidade ecoam nos quatro cantos do mundo!
A humanidade busca o melhor de si nesta época, celebrando o nascimento do Filho de Deus!
Será que no acender de tantas luzes, na ornamentação das casas, do amor e amizade representados pelas reuniões, encontros e presentes estamos realmente conscientes do grande acontecimento que celebramos?
Evoluímos apesar de tantos desencontros, violências, desamor...
No campo de todas as ciências, descobertas nos surpreendem a todo o momento.
No entanto, apesar do muito acesso à consciência de que somos muito mais que matéria até que ponto nos lembramos de que somos espíritos feitos à imagem e semelhança de Deus, e que nosso propósito é buscar  evoluir sempre? Será que sabemos agradecer os presentes e as oportunidades que recebemos todos os dias?
 Fazemos o que sabemos para celebrar o nascimento de Jesus, que veio dividir os tempos e permitir nosso acesso ao conhecimento maior do sentido da vida.
Mesmo que estejamos sempre repetindo tradições que há muito são cultivadas é necessário que paremos para pensar que as manifestações externas de amor, de compreensão, de carinho são de fato representações de um mundo maior.
É preciso que envolvamos verdadeiramente nossa alma, ofertando presentes, abraços e encontros que nos levem ao interior de nós mesmos e aí sim, acender todas as luzes, para a revelação do Amor!
É tempo de solidariedade, de compreensão, de perdão! Que estes valores se transformem em atitudes objetivas, autênticas e atuantes.
Quando nos foi dada a felicidade de ter com quem compartilhar tal caminhada através da convivência familiar, da compaixão com o próximo, da amizade sincera, fomos agraciados de forma mais leve a exercitar o caminho da iluminação e da compreensão do que é verdadeiramente compartilhar momentos felizes em nome de Jesus!
Que possamos celebrar juntos, muitos e muitos renascimentos Dele entre nós, mesmo que de forma tão materializada, porque a tentativa das celebrações é de aprender a amar! De verdade!
Que entre todas as metas que nos forem dadas a realizar esteja a da compreensão do verdadeiro sentido da vida e do amor de JESUS, O CRISTO renascido todos os dias em nossos corações!

FELIZ NATAL E UM ABENÇOADO ANO NOVO!

quinta-feira, 5 de dezembro de 2013

Cruz e Sousa - uma vida de sofrimento e sensibilidade.

 Cruz e Souza é a figura maior do nosso Simbolismo, nascido a 21 de novembro de 1861 em Desterro hoje Florianópolis .Ser humano sofrido ao nascer sofreu ainda a condição da escravidão.Sua família foi alforriada pelo seu dono ,marechal Guilherme Xavier de Sousa.
Pela proteção do Marechal Guilherme e sua esposa teve a oportunidade de estudar sobressaindo-se nas letras.Sua forte sensibilidade e cultura tornaram maior seu sofrimento diante dos preconceitos que o atormentariam em várias ocasiões de sua vida.Seus poemas refletem sempre este desespero pelas barreiras de trabalho que o levaram a dificuldades  financeiras.Ao ler seus poemas sentimos como que este grito de dor pelas injustiças que sofreu. 

O Simbolismo é   o  movimento literário que começa sendo a negação do Romantismo.Valoriza as manifestações metafisicas e espirituais.
A realidade objetiva não mais interessa,O homem volta-se para uma realidade subjetiva.O eu passa a ser o universo, mas não o eu superficial,sentimentaloide e piegas do Romantismo.
Os simbolistas vão em busca da essência do ser humano - aquilo que ele tem de mais profundo e comum com todos - a alma.Busca a oposição entre matéria e espírito,busca o espaço infinito.


Cárcere das almas
Ah! Toda a alma num cárcere anda presa,
Soluçando nas trevas,entre as grades
Do calabouço olhando imensidades,
Mares ,estrelas, tardes, natureza.

Tudo se veste de uma igual grandeza
Quando a alma entre grilhões as liberdades
Sonha e, sonhando, as imortalidades
Rasga no etéreo Espaço da Pureza.

Ó almas presas  ,mudas e fechadas
Nas prisões colossais abandonadas,
Na Dor no calabouço, atroz ,funéreo!

Nestes silêncios solitários, graves,
Que chaveiro do céu possui as chaves
Para abrir-vos as portas do Mistério?!

No Simbolismo tudo é sugestão.As palavras transcendem o significado ao mesmo tempo em que apelam para a totalização de nossa percepção,ou seja,apelam para nossos sentidos.Daí ser constante o uso de sinestesias e aliterações.Além da musicalidade que é uma das características mais fortes.

"Vozes veladas,veludosas vozes,
Volúpias dos violões,vozes veladas
Vagam nos velhos vórtices vorazes
Dos ventos,vivas,vãs,vulcanizadas."

Nicola,José de."Literatura Brasileira - das origens aos nossos dias".Ed.Scipione,São Paulo,1990.

quinta-feira, 21 de novembro de 2013

Rainer Maria Rilke


"Cartas a um Jovem Poeta"

Nasceu em Praga em 1875.Escreveu em alemão várias obras em prosa,mas é mais conhecido por suas poesias cujas caraterísticas apresentam um tom mais espiritual e o gosto pelas imagens como em "Elegias de Duíno" escritas entre 1912 e 1922.
Sua obra mais conhecida é "Cartas a um Jovem Poeta" que escreveu a um jovem amigo indeciso entre a carreira militar e a literária.Faleceu em 1926 aos 51 anos.


Destaco: "leia o menos possível trabalhos de estética e crítica ( ...) As obras de arte são de uma infinita solidão;nada as pode alcançar tão pouco a crítica.Só o amor as pode compreender e manter e mostrar-se justo com elas.É sempre a si mesmo e ao seu sentimento que deve dar razão contra toda explanação,comentário ou introdução desta espécie.Mesmo que se engane, o desenvolvimento cultural de sua vida interior há de conduzi-lo devagar,e com o tempo,a outra compreensão(...).
Ser artista não significa calcular e contar, mas sim amadurecer como a árvore que não apressa a sua seiva e enfrenta tranquila as tempestades da primavera, sem medo que depois dela não venha nenhum verão.O verão há de vir.(...)a paciência é tudo."

quarta-feira, 23 de outubro de 2013

MANHÃ



MANHÃ
Yedda Goulart


Te vejo Senhor
Nas reentrâncias destes montes
Em cada curva da baía
Nas cores deste céu
Nas luzes deste mar


Te vejo na serena beleza desta lua
Que brilha na manhã dourada
E na vegetação entremeando as casas
Lá na encosta.


Te escuto no canto matinal dos bem-te-vis
Antecipando a vida que se agita
Louvo-te também fora e dentro de mim
Fortemente te louvo e te agradeço

No colorido da manhã!



quarta-feira, 2 de outubro de 2013

EScola Oswaldo Machado - Ponta das CAnas -12/10/2013

Texto da Escola sobre trabalho da Prof. Alcelene Lima Pereira


"As turmas do quintos anos da professora Alcelene Lima Pereira, participam uma vez por semana na biblioteca do projeto “Criando Leitores: escolhendo a literatura”, onde acontece a hora do conto. A bibliotecária Lidyani Mangrich trabalhou com as turmas, o livro "Aventuras na Ilha da Magia", de Yedda de Castro Bräscher Goulart . O livro conta as tradições da Ilha de Santa Catarina, fala das bruxas que aqui habitam, dos pescadores, do gigantinho "mumificado" pelas bruxas; morro que segundo a lenda foi petrificado pelas bruxas no início da Serra do Tabuleiro, para que o Gigante não invadisse a Ilha da Magia. Assim como conta a formação de nossa cidade, fala de como a imagem de Nosso Senhor dos Passos veio "parar" na igrejinha do Hospital de Caridade, assim como relata os principais pontos turísticos da cidade. Ao falar do Museu Cruz e Sousa, relata um pouco da vida do nosso poeta. Dando continuidade ao projeto, os alunos fizeram uma visita orientada ao Museu Cruz e Sousa, passando pelos principais pontos turísticos de Florianópolis como a Figueira, Catedral, Largo da Alfandega, Hospital de Caridade, Mercado Público, e avistaram também o Gigantinho da Baía Sul.

Em sala de aula, tiveram que escolher uma cena do livro ou do passeio, para a produção de um desenho, e após o desenho, elaborar uma produção textual sobre o mesmo, onde tinham que recontar o conto do livro Aventuras na Ilha da Magia.
Após a produção os desenhos foram digitalizados e os textos corrigidos e digitados para a elaboração de um livro, que recebeu o título de “Recontando o conto- Aventuras na Ilha da Magia.”
No dia 13 de setembro, tivemos a honra de receber a escritora Yedda Goulart em nossa escola. Onde ela conversou com os alunos com relação ao livro que foi trabalhado por eles, e também a escritora respondeu a vários questionamentos que os alunos tinham tanto sobre a obra quanto a vida pessoal. Foi um momento de importante interação , socialização e aprendizado!"



quinta-feira, 5 de setembro de 2013

A LITERATURA DOS CATARINENSES -Celestino Sachet

Sub-título

Espaços e caminhos de uma identidade .
Poema,Prosa.Teatro.


(U
Nesta obra de imenso valor para a Literatura Catarinense o Professor e Doutor Celestino Sachet ,busca demonstrar a identidade da Literatura Catarinense.O trabalho que consumiu vários anos de esforço do autor é um estudo das características que compõem o vasto repertório de autores catarinenses na poesia,prosa e teatro.
Uma joia de brilho intenso e significante para os estudiosos e criadores da Literatura Catarinense em todas as suas vertentes.
Esta obra vem suprir a carência de uma crítica literária que muito enriqueceria a historiografia do Estado´
A edição é da Unisul, do ano 2012,com uma bela ilustração e capa de Rodrigo de Haro.

sexta-feira, 23 de agosto de 2013

INTERLÚDIO

Yedda Goulart

Um som
Um piano cristalino
É Mozart
Vivo,ágil,vibrante,terno...

No espaço
A nuvem travessa
Cai,some - no silencioso pinheiral

De lá espreita
A noite que se veste
De candelabros , vagalumes
cantores guiando a noite na jornada

Emudece Mozart
Fecha-se o piano
Estremece a alma
Silêncio - é noite!

quarta-feira, 10 de julho de 2013

OPCIONAL



Yedda Goulart
Na busca de algo
Outro tanto se perde
Malabaristas da sorte
Tudo buscamos reter

Dorida escolha
Entre o que vai e o que vem
Naquele um pedaço de ´pele,de sangue
de essência.
Neste o alvoroço do estranho
O encolher-se de medo
O passo em dois tempos...

Sempre algo se perde
na troca, na busca, no caminho.
Nem o retorno devolve
O perdido,o passado - o que se trocou!

A BELEZA E O TEMPO - William Shakespeare

SONETO XV


Quando vejo que tudo quanto cresce
só é perfeito por um breve instante,
E que o palco dos homens se oferece
aos desígnios dos astros mais distantes

Quando ao céu que ora aplaude ora castiga
Homem e planta em pleno crescimento
vêem findar-se a seiva e a ainda glória
que tinham cai no esquecimento

Á luz de tão instável permanência
aos meus olhos mais moça te anuncias
embora juntos,Tempo e Decadência

Queiram transformar-te em noite o claro dia
Então,por teu amor o Tempo enfrento
E o quanto ele te rouba eu te acrescento.



domingo, 30 de junho de 2013

ENTREVISÃO


Yedda Goulart 


Ontem vi você sofrendo
a porta esteve entreaberta
por instantes – entrecruzamos
porta semicerrada
por fora róseo –risonho
ontem  apenas entrefechada
deixava escapar soluços
suspiros semiguardados


Ontem vi você chorando
o olhar escapescapando
e seu orgulho ternurizando


Ontem vi você crescendo
Entrevi um mundo lindo
Vi tanta coisa bonita
Um grande lago subindo
em cascata se tornando
e um sorriso tão largo
nascendo das suas lágrimas

Vi outro dia nascendo !

quinta-feira, 20 de junho de 2013

Os Estatutos do Homem- Thiago de Mello




Thiago de Mello é amazonense,nascido em 1926.Poeta e tradutor.Sua crença de que é possível uma sociedade humana e solidária gerou a obra "Os Estatutos do Homem",traduzidos em mais de 30 idiomas.

Artigo 7


Por decreto irrevogável

fica estabelecido o reinado permanente
da justiça e da claridade,
e a alegria será uma bandeira generosa
para sempre desfraldada
na alma do povo.


"

quarta-feira, 12 de junho de 2013

EU E VOCÊ



EU E VOCÊ


Yedda Goulart


Nas horas caladas da noite
quando o mundo volta ao silêncio milenar
e às estrelas, não importa  o ano que
passou...

Nas horas caladas da noite
quando a lua se acende tão branca
e se revê há milênios nas águas do mar...

Nas horas caladas da noite
quando me visto de mim
e você recupera o seu eu

Rolamos no espaço infinito
dos meteoros
despencando em vertigem dos céus...

Rolamos sem tempo e sem fim
no reencontro do ser primordial
num abraço de terra e de cosmos

Somos tudo neste exílio total!

domingo, 2 de junho de 2013

O PINHEIRO



        Yedda Goulart
 

Lá está...
Ereto, alto, esguio
Plantado no chão da minha terra...
Imóvel sentinela,
Ergue em taça as palmas
Prece permanente...
Balança os galhos e canta
Mansamente...
Ao beijo da brisa nas noites de luar...
Intrépido cálice retorce os galhos
Ante raios coruscantes
O branco das nevadas, o vento uivante...
Geme a palma enregelada...
Grita, chora, canta, guarda
Esta terra que te viu nascer!
Espalha pela gralha o sêmen
De tua raça vegetal altiva e bela
Ameaçada de sumir da terra
No fio da serra incandescente
Da ambição não saciada,
Na queda mil vezes mil multiplicada
Do teu ser!








segunda-feira, 13 de maio de 2013

TEAR




Yedda Goulart


Não faltam temas
 nem sonhos e poemas
Pinçar da trama sempre
novo fio
e novamente ainda, entrelaçar
aos velhos sentimentos, a sensação
renovada de outros rumos.
Ludibriar costumes
Fugir dos uniformes e apenas tessituras
novas, doidas tessituras perseguir...
Voltar... recomeçar a cada novo dia.
Na mala... o verso e a lua
Em casa... prisioneiro, o medo
a incerteza , o erro.
E sair por aí
perseguido pelo tempo que vem
perseguindo o tempo que vai
trovador de peças inacabadas
em eterna caminhada
compondo tramas renovadas
sonhando sonhos e poemas
tecendo fios.

sexta-feira, 19 de abril de 2013

PRESENÇA DA LITERATURA INFANTIL E JUVENIL EM SANTA CATARINA

Yedda Goulart (organizadora)


Desde tempos imemoriais vem a Literatura desempenhando um importante papel no caminho evolutivo trilhado pela humanidade.A leitura de bons textos na infância nos acompanha por toda a vida transformando-se em referência de momentos felizes dos quais extraímos a essência mítica que preenche os anseios de nossa alma em busca de sua expressão maior.

A leitura proporciona experiências insubstituíveis que desvendam caminhos que nos levam à compreensão do papel da percepção de que existe em cada ser, em cada cenário, em cada circunstância, muito mais do que nossos olhos cotidianos são capazes de perceber. 

 Assim sendo, é possível avaliar a importância da literatura destinada a crianças e jovens.No livro
como título acima,por mim organizado, tem como objetivo evidenciar aqueles que se colocam como mediadores entre a rotina e a riqueza de ângulos que ela pode conter.

Como num passe de mágica transformam meninas em princesas, falam de reinos que embora pareçam distantes estão dentro de nossos sonhos e esperanças, contam como é possível transformar um passeio, uma lembrança, um animalzinho, um sentimento, um desejo, um sonho, uma incerteza, uma saudade, uma alegria ou uma tristeza em beleza que leva à compreensão de nossa riqueza e diversidade interior.

Nos livros, desfilam personagens que reconhecemos porque correspondem à infinita diversidade e riqueza de nossas emoções e expectativas suprindo a sede  de compreensão deste mundo interior que nos fala que a vida é muito mais do que, apenas correr atrás de poder,riquezas e sucessos.
A psicologia contemporânea descobriu na leitura e na contação de histórias  recursos importantes para acessar reações positivas e serenar estados nebulosos.
A matemática necessita da capacidade de interpretação que os textos exercitam; a ciência tem comprovado que nem sempre a ficção é fantasiosa, etc.

Os autores aqui apresentados, sabemos, não esgotam a lista daqueles que criam arte literária em nosso Estado..Há muitos outros, todos criando sem esmorecer diante das dificuldades de um ambiente cultural que não se entusiasma com o que não tem resultados visivelmente imediatistas e financeiros.Mas, são alguns dos que conseguimos alcançar.

 Este trabalho não objetiva analisar ou classificar ninguém.Mas, simplesmente divulgar autores e ilustradores catarinenses ou que aqui vivem e criam obras de reconhecido valor.E vamos dizer porquê

.Há pouco tempo estou representando a AEI-LIJ - Associação de Escritores e Ilustradores de Literatura Infantil e Juvenil em SC.No exato momento em que tomei posse desta representatividade, percebi a dificuldade de arregimentação dos autores (escritores e ilustradores) para que pudéssemos ter uma presença atuante junto à Direção nacional e aos órgãos culturais do país,em todas as suas instâncias.

Quem éramos nós? Onde estávamos? Como chegar a todos os recantos do Estado onde alguém estivesse trabalhando para a formação de leitores? Como dialogar com o maior número possível de autores? Consegui alguns endereços postais e eletrônicos. Muitas cartas e e-mails nunca chegaram ao seu destino.A informação da AEI-LIJ era a de que muitos associados não comunicavam a mudança de endereços. Mas eu não poderia desistir e assim assumi o compromisso de elaborar uma antologia de escritores de LIJ em SC, na UNOESC – em Joaçaba, no ano de 2004 – durante o Congresso de Língua e Literatura que incluiu o Encontro de Literatura Infantil e Juvenil.

É uma primeira tentativa de arregimentação de escritores dedicados á Literatura Infantil e Juvenil. Estou ciente de que nem todos estão fazendo parte desta antologia, pois a produção catarinense está ainda muito seccionada. O que deveria correr o Estado como um processo de troca de conhecimento entre as regiões estaciona em cada canto, sem recursos para uma melhor divulgação dentro e fora do Estado.

O mundo da Literatura é um mundo silencioso, solitário onde, muitas vezes nos sentimos como numa viagem para lugares não planejados.A dispersão é grande em se tratando de região para região em nosso Estado. Sabe-se de um nome aqui, outro ali...Qual a causa?O escritor, de modo geral, raramente está sob holofotes. Apenas nos breves instantes que compreendem o lançamento de um livro, ou nas poucas e raríssimas linhas de uma pequena nota de algum jornal local, caindo em seguida no esquecimento por falta de uma crítica literária especializada ou, do interesse das faculdades de Letras e Pedagogia – com raríssimas exceções e, por falta  ainda de políticas públicas que  incluam novos autores e ilustradores, que não esperam nada muito burocrático, mas principalmente apoio para edição, divulgação e distribuição de seu trabalho.

Há alguma coisa acontecendo nas tentativas de composição das Câmaras Setoriais do Livro, no âmbito do MINC, bem como das Conferências Meso-Regionais de Cultura do Governo do Estado, recentemente convocadas, dentre outras tentativas de governos anteriores. Porém tudo acontecendo de forma teórica, lenta e burocrática, embora reconheçamos que estipular políticas culturais neste imenso país não é uma tarefa fácil.São tantos os órgãos e hierarquias administrativas envolvidas que o entendimento entre possibilidades, interesses e verbas é pesado e lento.

Felizmente, há muitos professores conscientes da necessidade da formação de leitores para que o povo brasileiro cada vez mais se aproprie da cultura a fim de que se aprimore o juízo crítico que há de elevar os níveis de conhecimento e consequentemente de cidadania.O caminho é árduo. Trabalha-se muito e ao contrário dos ases do esporte, ou dos astros da TV ou ainda do fascínio dos autores estrangeiros, percebemo-nos muitas vezes desanimados e somente devido a uma necessidade sem muita explicação, continuamos forçando portas.

Daí a constatação de que os escritores que não trabalham com grandes editoras, que não vivem nos grandes centros do país, que não contam com uma divulgação eficiente, dificilmente ficam conhecidos ou se conhecem uns aos outros.

A Literatura Infantil e Juvenil em nosso Estado, conta com excelentes autores, entre eles, alguns que conseguiram romper com os limites estaduais, trabalhando com grandes editoras como: Werner Zotz, Maria de Lourdes Krieger, Flavio José Cardoso, Alcides Buss, Rosana Bond, Shiozo Tokutaki e recentemente, Eloi Elizabete Bocheco e Maicon Tenfen, que estão ampliando seus horizontes.

Quem sabe quantos mais?Há dentre os autores aqui apresentados, alguns que não se dedicam apenas à Literatura Infantil, possuindo uma obra bastante conhecida e considerável. Porém, são autores que experimentando esta vertente têm obtido grande aceitação do público alvo.Esperamos que a partir desta 1ª edição outros nomes se juntem a estes, cujos textos nada deixam a dever a escritores de outros Estados.

Quanto aos ilustradores a tarefa de congregá-los e apresentá-los é ainda mais difícil.Podemos citar alguns como Fernando Lindote, Jandira Loren, Márcia Cardeal, Andréa Ramos, Rubens Belli, Pedro Joésio Wilbert, Marcos Rodrigues, João José da Silva, Vera Lucia Borges, Samara Sena,Carlos Meira entre muitos outros.

 Nenhum deles dedica-se exclusivamente à ilustração, porque a produção de livros não é contínua em cada região e nem em cada editora. Divulgar o conjunto chama a atenção para as partes que o compõem.

 Assim sendo, há também um grande trabalho a ser desenvolvido para que a produção destes profissionais seja conhecida e valorizada como merecem. Alguns ilustram apenas uma obra e dedicam-se a outras atividades bem mais constantes e compensadoras.Devido ao desconhecimento do conjunto de nossos autores de LIJ (Escritores e Ilustradores), Santa Catarina não possui uma representação significativa capaz de influir nas políticas culturais públicas, e participar dos grandes eventos nacionais representada pelos seus produtores.

É mais que tempo de união, de divulgação de nossos autores, de representação e de congraçamento para que possamos ser considerados em nível nacional. Para tanto, é importante a parceria da editoras, livrarias, universidades e estabelecimentos de ensino públicos e particulares para que apresentem estes profissionais em eventos como feiras de livros, conferências, escolas, oficinas e mini-cursos, contatos com alunos e professores.Este trabalho nasceu da constatação da ausência de bibliografia para pesquisa que favorecesse nossos professores e todos os escritores que estão iniciando seus trabalhos para que possam ser divulgados, bem como todos aqueles que se interessam pelo crescimento cultural de nosso Estado.

São os professores, principalmente, que nos apresentam aos leitores aos quais dirigimos nosso trabalho. São eles que divulgam a literatura catarinense e com ela a diversidade de nossa cultura.Assim sendo, a todos que desejam um Estado conhecido também por sua produção literária dedicamos esta “PRESENÇA DA LITERATURA INFANTIL E JUVENIL EM SANTA CATARINA.”

sexta-feira, 22 de março de 2013

O VENTO


O VENTO

Yedda  Goulart


Escuto o vento lá fora.
É noite.
Estou só no silêncio
da hora.
Escuto o vento na noite
Vento que insiste à minha janela
Juntando coisas perdidas
Puxando fios enroscados
Desembrulhando guardados....
Vento mexeriqueiro
Remexes tantas lembranças
Tu não esqueces – jamais?

quarta-feira, 13 de fevereiro de 2013

Poema do Devir

POEMA DO DEVIR

 Um poema
Que transborde
Que borbulhe
Que seja a última gota

Sobre o branco
Síntese de todas as cores
Arco-íris no horizonte
Das letras
Cintilante no cume
Dos versos que rolam
Desde os tempos...

Que fale de amor enquanto dure
Como Camões ou Vinícius
De que tudo vale a pena
Como Fernando, o Pessoa
De Indignação como Castro Alves
Ante  navios  negreiros...


Um poema que responda
De Drummond , a pergunta
E agora José?
Para aonde vamos?
Pasárgada não responde
É um sonho do Bandeira

A rosa de Hiroshima
Continua em explosão
E os galos de João Cabral
Tecendo a teia sonora
Anunciam.......
O apocalipse global!

terça-feira, 29 de janeiro de 2013

HAICAI

O Haicai é a forma de poesia mais tradicional da cultura japonesa.
Deve conter um" kigo",isto é,uma palavra que se refira à natureza,ou estação do ano.
Contém três versos ou linhas com cinco,sete,cinco sílabas métricas.
É um momento de visualização pois cria uma imagem fixa ,uma reflexão - cria uma expectativa e um desconcerto- causa surpresa.

Véus transparentes
Desnudam formas sutis
É lua cheia...


Melancolia
Saudade de não sei quê
Onda vai e vem...


"Um gosto de amora
comida com sol.A vida
Chama-se Agora."

Uma folha morta
Um galho no céu grisalho
Fecho minha porta.

A ocidentalização , ou a modernidade  permite uma leve  transgressão na contagem das sílabas.

terça-feira, 22 de janeiro de 2013

quarta-feira, 16 de janeiro de 2013

LUZ,CÂMARA,AÇÃO




Aí vem um clip
de uma nova canção!
....................................

Quem vai ler
meu verso , coitado...
derramado no branco da folha
sem som, sem imagem, sem brilho
ou make up...

Quem mais
conversa com a lua
a branca noiva do sol?

Quem mais precisa sonhar
Dar asas à imaginação
Se basta ligar um botão
E explodem no meio da sala
Imagens, luzes e sons ...

Quem vai ler
 o meu verso, calado
sem áudio , câmera, ação
Preferir o silêncio da folha
ao clip de uma nova canção?

quinta-feira, 10 de janeiro de 2013

CAUSOS DA INFÂNCIA

A VIAGEM

 Foi pura adrenalina como se diz hoje, viajar de trem pela primeira vez!
Pra mim, trem era uma coisa qualquer que se perdia pela casa, ou na qual se esbarrava por não ter sido devidamente guardada. Os “trem” de cama que precisavam ser trocados, os “trem” que ficaram esquecidos no quintal. Lembro ainda da mãe perguntando à Lalinha: - onde você colocou os “trem” do tio Zé, criatura?”.
Foi, portanto, com o maior espanto que recebi a notícia de que iriamos viajar numa daquelas coisas que se chamava, em casa, de trem.
Pra mim, trem era tudo aquilo cujo nome fugia da memória da gente.
 Eu já vira uma figura de trem, mas os “trem” lá de casa eram mais concretos. Tudo era “trem”. Trem pra lá, trem pra cá. E geralmente, aqueles ”trens” viviam perdidos como que se escondendo das faxinas da Lalinha que se encarregava de ajudar a mãe.
Mas, não me importava em que trem sairia montada pra viajar pelo mundo afora. O importante é que ia viajar- palavra mágica esta – viajar, viagem!
Chegado o dia marcado para a aventura a ansiedade não me deixou dormir. Afinal estava avisada de que sairíamos ainda com a lua no céu gelado da serra pra pegar o trem lá pras bandas de serra abaixo. Até lá, eu caraminholava, com certeza iríamos montados num “trem” qualquer.
Visualizava-me, bem como ao pai e à mãe, voando naquela mala velha lá do sótão que estava sempre sendo chutada por alguém que prometia dar fim àquele “trem”. Será?
Ou quem sabe, empoleirados em cima de um tapete igual aquele tapete mágico do Alladin?
 Enfim, é chegada a hora de partir. A madrugada tornava tudo ainda mais misterioso. A cidade deserta. Na rua, nem cachorro aparecia pra enfrentar a geada caindo. Como me diziam, caindo lá de cima do pólo norte, onde morava o Papai –Noel.
 Metidos em mil agasalhos enfrentamos a geada que se condensava no para-brisa do carro de aluguel que o pai contratara para levar-nos serra abaixo.
Serra abaixo! Então iríamos rolando, rolando até cair dentro de outro “trem”.?
O carro velho do seu Mário não parecia nada com o que minhas fantasias criaram. Era apenas um carro. E uma vez dentro dele, sem maiores novidades, dormi o sono dos anjos travessos, no regaço da minha mãe. O que não me impediu de sonhar que era uma linda bola colorida rolando serra abaixo até entrar numa coisa que nem em sonhos eu saberia definir.
Havíamos chegado à cidade onde a gente ia ficar hospedado num hotel.
Puxa, que viagem!
Eu nunca havia estado num hotel. Quando as aulas retornassem iria ter o que contar...
Instalados afinal, descemos pro  jantar. Tudo muito legal. Algumas pessoas desconhecidas. Nenhuma criança. Que pena! Teria que fazer minhas explorações sozinha.
Na sala de estar havia uma cadeira de balanço e foi nela que encontrei uma forma de brincar. Percebi que a cadeira se movia pela sala se a balançasse com força. Que brincadeira genial. Passear de cadeira pelo salão do hotel!
 E foi assim que me distanciei um pouco da mãe e do pai que olhavam algumas revistas espalhadas por ali. Aquilo sim era um “trem”  de cadeira legal.Tinha os pés em arco o que a fazia deslizar pela sala .
Foi então que, de repente a luz apagou. Na escuridão total um grito vindo do andar de cima me fez  ficar arrepiada..
 As sombras desenhadas nas paredes tornaram tudo muito mais assustador.  Abandonei a brincadeira e a coragem. Tateando, buscava mãe e pai. Distraira-me passeando de cadeira. E agora, onde estariam?
Imaginação turbinada pelo medo me via perdida e sozinha num abismo sem fim.
Afinal, encontrei a mão cuidadosa da mãe e agarrei-me nela como um náufrago na tábua de salvação! A coragem confundiu-se com a escuridão.
Logo apareceram os donos do hotel com velas acesas e distribuíram algumas entre os hóspedes. Naquela época não havia lâmpadas de emergência numa cidadezinha feito aquela.
Do andar de cima novamente o grito congelou os movimentos de todos. Estariam matando alguém? Um fantasma teria aparecido?
Estórias escabrosas contadas ao pé do fogo arderam na minha memória acelerando-me o coração. O que estaria acontecendo?
Logo passos despencaram dos degraus e gritos de pega ladrão atingiram ouvidos mais alertas que o normal.
 Agarrada às saias da minha mãe senti as orelhas crescerem como as dos elefantes do livro que a professora mandara ler naquela semana. Que vontade de estar em casa, debaixo dos cobertores onde ninguém conseguiria me encontrar.
 Viajar não era tão fácil como pensara.
 Então da mesma forma como fugira, a luz voltou! Danada de luz travessa. Garanto que sabia o que ia acontecer, pensei!
Agora, passado o susto ela voltava toda amarela. Podia ficar lá na rua, agora a gente já vai dormir mesmo!
Fui acordada por um apito longo e muito alto que me deixou meio atordoada E a mãe sacudindo meu braço parecia muito excitada com a grande aventura que estava prestes a se iniciar.
Havia uma neblina úmida e muito fria na estação. Meus olhos cresceram de curiosidade. Afinal, a visão do trem. Lá estava ele.
 O trem de verdade! Era imenso e vermelho. Puxado por uma locomotiva a carvão. Respirava tenso soltando fumaça como a Lalinha quando saía de manhã pra comprar o pão nas manhãs geladas da serra...
Esfregando os olhos o espanto escapuliu e foi parar naquela coisa tão esperada. Então aquilo é que era o trem!
Entendi porque a mãe chamava a tudo de “trem” principalmente quando eu deixava brinquedos espalhados pela casa.
- “Delia! Vai guardar estes teus “trem” antes que derrubem a gente!
Era lindo! Igual ao desenho do livro que ganhara da tia Carola no aniversário. Até a fumaça que saía lá da frente, como se alguém estivesse fazendo o fogo pela manhã.
Aquilo devia estar sempre no caminho de alguém. Grande daquele jeito! Uma coisa sem fim!
Agarrada à mão do pai subi o primeiro degrau daquela coisa que respirava impaciente para sair.. Parecia um cavalo bufando de pressa.
Eu me sentia como se estivesse embarcando pra  lua, como os personagens de Monteiro Lobato na “Viagem ao Céu”!
Um novo e excitante apito!Muita gente se abraçando e correndo pra  viagem!
Dentro do trem, estudando o ambiente meus olhos corriam numa observação acelerada. É preciso estar atento pra ver como as coisas vão acontecer. Olhava tudo e todos com uma concentração total, paa crer que não estava sonhando novamente.
 Na verdade, fazendo planos pra depois do susto de estar afinal dentro de um trem!
De repente, um apito mais longo e como que gemendo, aquela coisa vermelha foi saindo do lugar com muita má vontade até que conformada iniciou uma marcha ritmada.
Acertadas as coisas, todos em seus lugares, inclusive o trem que ia sempre em frente cantando. Já era possível arriscar um passo fora do banco em direção ao corredor.
Agora sim, que fantástica viagem se poderia fazer!Ali se podia viajar caminhando e até correndo se quisesse.
Lá fora, a paisagem disputava corrida com a gente Mas, não tinha jeito. Ia ficando pra trás com tudo que estava dentro dela – casas, cachorros, árvores, pessoas, animais. Tudo passava, ia ficando longe. E eu dentro do trem, corria pra lá e pra cá porque não queria perder nada daquela fantástica viagem.
Minha primeira viagem! Minha primeira noite num hotel. E o trem, aquela coisa que corria sempre em frente, respirando cansado, bufando como o cavalo do tio Zé, deixando tudo pra trás.
 Comecei a aprender que viver e viajar era muito parecido. Ir sempre em frente e ver as coisas ficando pra trás!Até o espanto das coisas inesperadas.
Jamais esqueci minha primeira viagem de trem!

Fim

terça-feira, 8 de janeiro de 2013

CASA ROSA -veja fotos e sinta comigo

 "Casa rouca submersa no matagal,teu galo ficou .E seu canto perdeu o timbre do sol,já não inaugura os dias.E se fez adequada aos estragos do reboco,à podridão das esquadrias- última secreção de paredes gemidas.Galo rouco,casa rouca"(Aníbal Machado)

Eu não sabia quanto era importante para mim a visão daquele mundo vivo e dançante que fazia da cidade barulhenta ,mecânica e rotineira um espaço menos duro,mais terno e aconchegante.
Eu o valorizava ,sim.Era um bálsamo para meu olhar!
O verde de variados tons dançando com o vento,era vida,promessa,lembranças,acalanto!
Hoje ,o espaço está morto,vazio,imóvel!Os pássaros partiram.Em dois dias homens e máquinas, sem piedade foram derrubando cada árvore,cada flor,cada ninho!
Nem eu sabia o quanto me importava.O som das inúmeras quedas,como corpos sendo derrubados, sem um lamento, calaram fundo em minha alma.Quantos anos foram deixados em paz,crescendo,multiplicando-se,oferecendo-se aos olhares e ao sol!
Tornavam minha rua mais próxima de sua história!Quem teria vivido ali?A casa rosa compunha com a natureza em volta um quadro encantador que falava de um tempo em que nas tardes de verão as crianças brincavam na rua.Um tempo em que as pessoas colocavam cadeiras nas calçadas e vizinhos se reuniam para comentar os acontecimentos da pacata capital do Estado.
Quando raramente passava um automóvel e não havia ambulâncias gritando a dor que carregam.O hospital era distante.Lá do outro lado,na colina diante da baía sul!
A casa rosa e eu nos conhecemos ,assim de perto,há muito pouco tempo.Mas,ela já faz parte do meu horizonte próximo para onde deslizava meu primeiro olhar todos os dias!
E a vida me saudava no canto dos pássaros,até  gralhas azuis que pareciam ter descido a serra para
saudar minhas nostalgias!
As palmeiras balançavam como que a embalar ninhos acolhidos em suas palmas.
Havia vida,movimento,melodia,natureza!
Hoje,com tristeza, todos os dias desvio o olhar daquele deserto onde só a casa rosa, agora desnuda aguarda seu destino!
Logo ,caminhões e máquinas voltarão!E por ela vão passar toneladas de cimento,e o ruído intenso de perfuradores farão tremer seu corpo.Os pássaros já se foram, felizmente não para muito longe, ainda!
O bosque perdeu seu prolongamento, mas persiste.Por quanto tempo?
Sobre a rua de outrora, uma via rumorosa, sacudida por mil motores, gemendo deixa fluir seres humanos apressados e desatentos para a beleza ao seu redor!
É a bucólica cidade substituída pelo progresso, pagando o preço por ser tão bela!
Mas, em minha retina saudosa ficará a mata derrubada  que vestida de festa emoldurava a linda Casa Rosa da Bocaiuva!